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A pandemia, iniciada no início de 2020 no Brasil, não é o único fato que marcou os primeiros dois anos da segunda década do século XXI. Uma tendência mundial está ditando a procura dos investidores: a importância que eles estão dando a possíveis parceiros que se importam e praticam os conceitos de governança, desenvolvimento humano e sustentabilidade ambiental. Na hora de decidir a quem destinar seus recursos, os investidores estão analisando esses critérios com atenção.
Esses fatores reunidos foram batizados pela sigla ESG, que significa, em inglês, “environmental, social and governance”, ou “ambiental, social e governança”. Na prática, as três palavras formam os pilares da sustentabilidade e permitem medir os impactos sociais e ambientais de uma determinada empresa.
Para o advogado Pedro Câmara Júnior, sócio-titular da Pedro Câmara Sociedade de Advogados (PCA), a implementação do ESG em startups pode auxiliar a empresa a atrair investidores que valorizam a atuação empresarial holística, enquanto que uma startup que auxilia negócios a se adequarem aos princípios ESG pode explorar um mercado muito promissor.
“Com a crescente atenção que o tema ESG vem ganhando, a tendência é que os investimentos, procura e número de startups ESG aumentem. Além do amadurecimento das startups que já atuam na área, o aumento do interesse é impulsionado ainda por impactos causados pela pandemia: saúde mental, segurança na internet, sustentabilidade e gestão de pessoas à distância”, avalia Pedro Câmara.
Os pilares da ESG
Na questão ambiental, simbolizada pela primeira letra da sigla, “E”, é preciso atentar às práticas da empresa em prol da conservação do meio ambiente, de uma forma geral. Alguns exemplos são ações para reduzir ou evitar a poluição do ar e da água e a emissão de carbono.
A segunda letra, “S”, trata das ações sociais, ou seja, a maneira como a empresa lida com seus colaboradores e seu relacionamento com a comunidade em seu entorno. A atuação é verificada, por exemplo, na inclusão de diversidade na equipe, e engajamento para respeito à legislação trabalhista.
A título de exemplo, desde o Acordo de Paris (2015), há um esforço concentrado de empresas e países para frear os efeitos do aquecimento global. Para tanto, essa fornece linhas de crédito para o desenvolvimento de soluções inovadoras, o que, dessa forma, cria um mercado de sustentabilidade imenso a ser explorado por startups.
Uma pesquisa brasileira “A evolução do ESG no Brasil”, da Rede Brasil do Pacto Global e da Stilingue (*), de abril de 2021, demonstrou que mais da metade das gerações de Millennials e Z dizem optar por este tipo de investimento.
Nesse sentido, as empresas atuantes com indicadores do ESG, utilizam cinco iniciativas principais: criação de mecanismos de compliance e governança; gestão de resíduos, reciclagem e reaproveitamento; criação de comitês de governança buscando a integridade da organização; apoio à Covid-19; e apoio às comunidades.
Assim, as startups podem atrair investimentos e, ao mesmo tempo, atuar com objetivos sustentáveis enquanto desenvolvem suas atividades econômicas.
Consultoria na implantação de ESG
Na intercessão desses dois assuntos, existem também startups que atuam especificamente com o objetivo de implementar os pilares de ESG em empresas que desejam se adequar às tendências mundiais.
Só no Brasil, já são mais de 700 startups que oferecem soluções em ESG, divididas em cada uma das três áreas, sendo que a maioria foi fundada dentre os anos de 2015 e 2018. Atualmente a maturidade dessas startups chama atenção dos investidores que se interessam pelo conceito de aplicar os pilares de sustentabilidade, e os anos de 2017 e 2021 concentraram quase todo o volume investido nessas startups voltadas a oferecer serviços para a adequação ao ESG.
Pedro Câmara avalia ainda que os investimentos em transparência só rendem bons frutos. “A principal vantagem da empresa que escolhe pela implantação dos princípios ESG é a transparência trazida pelo conjunto de referências que direcionam o processo de decisão. Os critérios de ESG podem servir como um indicativo da saúde empresarial, reunindo informações sobre como as companhias conduzem seus negócios e, por consequência, conferindo mais segurança na tomada de decisão e a garantia de que o investimento feito ao final será sustentável”, finaliza.