A Logística no Amazonas: Desafios e Perspectivas para o Comércio
A logística no estado do Amazonas apresenta características únicas e desafiadoras. Diferente de outras regiões do Brasil, onde há ampla malha rodoviária e ferroviária, o Amazonas depende fortemente do transporte hidroviário e aéreo para a movimentação de mercadorias. Essa particularidade impõe custos elevados e prazos mais longos, afetando diretamente o comércio local.
Dificuldades Logísticas na Região
- Dependência do Transporte Fluvial e Aéreo
- Cerca de 80% dos municípios amazonenses só são acessíveis por via fluvial ou aérea;
- A escassez de transporte regular encarece o preço de frete e compromete o abastecimento de insumos.
- Infraestrutura Portuária e Aeroportuária Insuficiente
- O Porto de Manaus é um dos principais hubs logísticos da região Norte, mas enfrenta gargalos de capacidade e modernização;
- Apenas três aeroportos no Amazonas têm capacidade para voos de carga regulares, o que limita a distribuição rápida de produtos.
- Custos Elevados
- Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que o custo logístico médio na Região Norte é 20% superior à média nacional;
- Isso afeta diretamente o comércio varejista, que depende da reposição constante de estoques.
- Estacionalidade e Impactos Climáticos
- Os rios que abastecem a malha fluvial sofrem variações sazonais. Em 2023, a seca histórica no Rio Negro impactou o transporte e elevou os preços de mercadorias em até 40% em algumas regiões;
Oportunidades de Melhoria
- Investimentos em Infraestrutura
- Projetos como a pavimentação da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho, prometem integrar melhor o Amazonas ao restante do país, embora enfrentem entraves ambientais;
- A reestruturação dos portos de Itacoatiara, Tabatinga e Parintins está em pauta, com parcerias público-privadas em estudo.
- Uso de Tecnologias Logísticas
- Startups como a NavegAM e LogFluvial têm proposto soluções de mapeamento e monitoramento de rotas fluviais em tempo real;
- Empresas do Polo Industrial de Manaus estão investindo em centros de distribuição automatizados para reduzir o tempo de escoamento.
O Que Está Sendo Feito: O Papel do Plano Nacional de Logística (PNL)
O Plano Nacional de Logística 2035 (PNL 2035), coordenado pela Empresa de Planejamento e Logística (EPL), estabelece diretrizes para o desenvolvimento integrado da infraestrutura logística do Brasil, com foco na eficiência e sustentabilidade.
No caso da Região Norte, o PNL prevê:
- Ampliação da Hidrovia do Madeira, com melhorias na sinalização e operação de terminais.
- Melhorias operacionais na BR-319, buscando compatibilizar desenvolvimento com sustentabilidade.
- Integração multimodal em Manaus, conectando porto, aeroporto e terminais terrestres.
Segundo o plano, o escoamento de cargas da Região Norte representa cerca de 3% da matriz de transporte nacional, com projeções de crescimento se houver investimentos coordenados em infraestrutura. O PNL também destaca que o custo logístico do Norte representa até 17% do PIB regional, enquanto no Sudeste esse número gira em torno de 10%.
Para o Amazonas, ele representa uma janela de oportunidade para alavancar o comércio, a indústria e a qualidade de vida da população.